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ICFUT - SANTACRUZENSE:A crise política chegou a afetar time tradicional no Interior

  • Por Santista Aguiar
  • 23 de abr. de 2017
  • 5 min de leitura

Fonte: JCNET.com.br / Debatenews.com.br

Estádio não terá a Santacruzense na temporada de 2017

Sérgio Fleury Moraes

Estádio Leônidas Camarinha em Santa Cruz do Rio Pardo; Esportiva Santacruzense fica fora da Segunda Divisão do Paulistão e comércio e moradores sentem os efeitos

A Esportiva Santacruzense está fora do campeonato paulista da Segunda Divisão. A tabela, divulgada há duas semanas pela Federação Paulista de Futebol, trouxe as 30 equipes que disputarão o campeonato, mas a Esportiva não está na relação. O pior é que, fora da “Segundona”, a Santacruzense também pode ser impedida de disputar o campeonato Sub-20, como anunciaram alguns dirigentes.

A queda do time, que no ano passado quase chegou às semifinais do campeonato, tem uma explicação: crise política. O atual presidente, Sidnei Maluza, não tem apoio no Conselho Deliberativo e o vice-presidente Luciano “Galeguinho” Rosalém renunciou depois de denunciar “falta de transparência” no clube.

Maluza não foi encontrado pela reportagem na semana passada. Há relatos de que ele está viajando, mas o celular não atendeu a reportagem. No início da semana, em entrevista à TV Tem de Bauru, o dirigente culpou a falta de dinheiro e laudos técnicos do estádio “Leônidas Camarinha” para o afastamento do time no campeonato paulista.

A prefeitura de Santa Cruz, que já viveu embates entre o atual prefeito e o presidente da Esportiva a ponto da administração do estádio ser retirado do clube, desmente a versão. Segundo a secretaria de Comunicação, os principais laudos — como os documentos expedidos pelo Corpo de Bombeiros — estão em dia e não impedem o time de disputar a Segunda Divisão.

Outros esportistas ligados à Santacruzense confirmam a versão da administração e garantem que o afastamento do time do campeonato paulista foi “provocado” por Sidnei Maluza. O presidente não teria sequer comparecido à reunião do Conselho Arbitral da Federação Paulista de Futebol, no final do mês passado em São Paulo, quando foram confirmados os clubes participantes e as regras do torneio.

‘TRANSPARÊNCIA’

A crise aumentou no final do ano passado, quando os conselheiros reclamaram da falta de transparência. Sidnei Maluza controla tudo no time e já chegou até a acumular a função de presidente com a de técnico. No ano passado, na véspera do jogo em que precisava de um empate para chegar às semifinais do campeonato, Maluza vendeu o atacante Ednan para a Ponte Preta. O clima azedou e a Santacruzense perdeu a vaga.

O estranho negócio tem consequências até hoje, uma vez que muitos conselheiros dizem que Maluza ainda não explicou como se deu a venda do atacante. O clube, por exemplo, não tem dinheiro em caixa e ninguém sabe quanto a Ponte Preta pagou por Ednan.

A crise provocou a demissão dos dois vice-presidentes, além da saída de alguns conselheiros. Mesmo sem apoio, Sidnei Maluza não pensa em renunciar. O mandato do dirigente vai até o final do ano e, até lá, a Santacruzense não terá atividades em campo.

Folclórico “Cateto” protesta contra estádio vazio e não esconde tristeza

Antonio Carlos Andrade, o “Cateto”, 65, costuma até se fantasiar para espantar a “uruca” nos dias de jogo

Mesmo sem jogos, no final da tarde o movimento aumenta. Entre as pessoas, está um dos torcedores mais fanáticos — e folclóricos — da Santacruzense. Antonio Carlos Andrade, o “Cateto”, 65, costuma até se fantasiar para espantar a “uruca” nos dias de jogo. Hoje, não esconde sua revolta com a crise que ronda o time. “Dá vontade de espremer o Merluza com limão”, brinca, fazendo um trocadilho com o nome do presidente do clube.

“Cateto” praticamente nasceu tricolor. Ainda menino, não perdia um jogo da Esportiva no estádio, sempre levado pelo pai. Aos 12 anos, perdeu três primos no acidente que matou os dez torcedores. “Eu morava perto da zona”, conta, rindo, lembrando o bordel que existia nas imediações da indústria Suzuki, vizinha do estádio. “Tinha futebol e outras coisas”, dispara, entre gargalhadas.

O torcedor disse que vai acompanhar o campeonato amador, caso o torneio seja organizado neste ano. Mas sabe que não é a mesma coisa da Esportiva. “Nâo é o mesmo tesão”, garante.

Bar tradicional lamenta queda

Na frente do estádio “Leônidas Camarinha”, um bar que tem o clube até no nome está triste com a ausência da Esportiva Santacruzense na atual temporada. Antigo e tradicional, o “Bar da Esportiva” já existia na década de 1960. “As ruas daqui eram todas de terra”, conta o comerciante José Roberto da Silva, o “Cobrinha”, que há um ano é o dono do estabelecimento que ostenta na parede fotos antigas do time. O apelido do comerciante é porque, nos tempos de várzea, era um dos jogadores que mais corriam. Hoje, corre para garantir a freguesia sem os jogos da Esportiva.

Na temporada, o lucro é certo. “Se o time ganha, o pessoal faz festa aqui no bar. Se perde, bebe para afogar as mágoas”, brinca José Roberto. O único problema é que o torcedor não pode deixar o estádio durante o jogo. Então, o movimento é forte antes e depois da partida.

Quando a Santacruzense disputa campeonatos, o bar tem clientes a semana inteira. O pessoal começa a chegar no final da tarde. Quase sempre o assunto, entre um gole e outro, é futebol. Segundo “Cobrinha”, não há brigas, mesmo com as gozações inevitáveis na derrota. “É tudo amizade. Tem dia que o bar fecha à meia-noite”, disse, revelando que ainda não aconteceu de alguma mulher ir buscar o marido no bar. “Alguns almoçam aqui mesmo”, contou.

Hoje, o principal assunto é a ausência do time de Santa Cruz do Rio Pardo em campeonatos. “É triste. Parece que até o nosso deputado [Ricardo Madalena] tentou consertar isso, mas não teve jeito”, disse.

“Cobrinha” sabe que o movimento aos domingos vai cair. A esperança do comerciante é o campeonato amador de Santa Cruz, que tem rodadas com dois jogos e ingressos gratuitos. “O pessoal pode deixar o estádio no meio do jogo. Então, o movimento é muito bom”, contou. Teve domingo em que a cerveja até acabou.

História - Gol de gandula

No dia 10 de Setembro de 2006, no Estádio Leônidas Camarinha, a Santacruzense empatou em 1 a 1 com o Atlético Sorocaba pela Copa Paulista com um gol polêmico. Quando o jogo estava 1 a 0 para o time sorocabano, a árbitra Silvia Regina de Oliveira validou um gol feito por um gandula. Após a bola ser chutada para fora por um jogador da Locomotiva, o gandula José Carlos Viera, mais conhecido como Canhoto, ao invés de dar a bola ao goleiro do time visitante colocou-a dentro do gol. Silvia Regina, sem ter visto o lance direito, deu o gol, pensando que a bola havia entrado. O caso teve repercussão nacional. A Santacruzense foi punida pelo caso, perdendo todos os mandos na competição e tendo que pagar uma multa de 50 mil reais. Porém, o placar da partida não foi alterado. Enquanto isso, a árbitra e o assistente receberam a pena de 20 dias de afastamento.

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